domingo, 30 de setembro de 2012

Viagem


Ninguém destruirá a fé que sinto,
Nem mesmo me atirar num labirinto,
Pois sei qual o caminho a percorrer
(Não tenho mesmo medo de morrer)
E sei que a morte é só uma viagem.
Aqui estamos sempre de passagem,
Ninguém viajará antes da hora.
Se Deus me receber irei embora,
E ao verdadeiro lar retornarei.
A morte não escolhe pobre ou rei,
E se tiver que ir, vou-me Senhora ...

(Gwyn)


quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Falso Amor

 
O inimigo maior do amor não é o ódio. O que mais o polui, inviabiliza, neutraliza e frustra é tudo aquilo que apenas parece amor. Por quê? Porque obscurece, ilude e cega a visão; e a pessoa se engana pensando que ama e, em verdade, somente deseja, se apega, se distrai com a curtição sensual, se contorce em tormentosas crises de ciúmes, se debate aflita no visgo da paixão.
Desejo de conquistar o outro, apego a ele se já o possui, interesse no que o outro tem ou representa ser, tensão erótica nutrida pelas formas sedutoras do outro… tudo isto parece tanto com amor que a pessoa, carente de viveka (discernimento), mergulha no torvelinho emocional, do qual dificilmente consegue escapar. Cuidado com aquilo que tão-somente imita o amor e se faz passar por amor.
(Prof. Hermógenes)

Ed Motta


domingo, 9 de setembro de 2012

Amar ...


Muitas vezes dizemos amar, mas estamos só desrespeitando. Dizemos amar, mas estamos só impondo. Dizemos amar, mas estamos só olhando para nós mesmos. Dizemos amar, mas estamos só fazendo adoecer as belezas disponíveis. Dizemos amar, mas estamos só amarrando sementes e calando primaveras. Dizemos amar, mas estamos só inflando nuvens que escondem cada vez mais o sol. Dizemos amar, mas estamos só dizendo. Amor tem outro cheiro. Outra natureza. Outra frequência. Outro chamado. É para ser luz pra dois, com todas as sombras de cada um.

(Ana Jácomo)

domingo, 2 de setembro de 2012

Os Parceiros


Sonhar é acordar-se para dentro:
de súbito me vejo em pleno sonho
e no jogo em que todo me concentro
mais uma carta sobre a mesa ponho.
Mais outra! É o jogo atroz do Tudo ou Nada!
E quase que escurece a chama triste…
E, a cada parada uma pancada,
o coração, exausto, ainda insiste.
Insiste em quê? Ganhar o quê? De quem?
O meu parceiro…eu vejo que ele tem
um riso silencioso a desenhar-se
numa velha caveira carcomida.
Mas eu bem sei que a morte é seu disfarce…
Como também disfarce é a minha vida!

(Mario Quintana)