domingo, 1 de dezembro de 2013

Sahana Vavatu (Mantra)





Que estejamos protegidos. Que estejamos nutridos. 
Que trabalhemos juntos e com grande vigor.
Que aprendamos juntos. Que não haja conflito entre nós.




domingo, 14 de julho de 2013

Nada Sou


Queria ser alguém e não sou nada
Jamais adiantou a eterna busca
Trabalho como louca (não me custa)
Caminho assim perdida nessa estrada

Subindo sem ajuda, nem escada
Os sonhos me levando assim perdida
Parece que a passagem é só de ida
Refaço meu caminho tresloucada

Agora o que fazer ? Ando sozinha.
Ninguém pra socorrer meu desespero
Só penso em Deus e busco Seu Cordeiro
Pra suportar a vida tão mesquinha

Olhando para trás mais nada vejo.
De tudo que sonhei, nem um lampejo ...

(Gwyn)

Tênis X Frescobol


O tênis é um jogo feroz, o objetivo dele é derrotar o adversário, e a sua derrota se revela no seu erro: o outro foi incapaz de devolver a bola. Joga-se tênis para fazer o outro errar. O bom jogador é aquele que tem a exata noção do ponto fraco do seu adversário. E é justamente para aí que ela vai dirigir a sua cortada – palavra muito sugestiva que indica o seu objetivo sádico, que é o de cortar, interromper, derrotar. O prazer do tênis se encontra portanto, justamente no momento em que o jogo não pode mais continuar porque o adversário foi colocado fora de jogo. Termina sempre com a alegria de um e a tristeza do outro.
O frescobol se parece muito com o tênis: dois jogadores, duas raquetes e uma bola. Só que para o jogo ser bom, é preciso que nenhum dos dois perca. Se a bola veio meio torta, a gente sabe que não foi de propósito e faz o maior esforço do mundo para devolvê-la gostosa, no lugar certo para que o outro posso pegá-la. Não existe adversário porque não há ninguém a ser derrotado. Aqui ou os dois ganham ou nenhum ganha, e ninguém fica feliz quando o outro erra, pois o que se deseja é que ninguém erre. O erro de um no frescobol é como uma ejaculação precoce: um acidente lamentável que não deveris ter acontecido, pois o gostoso mesmo é aquele ir e vir. E o que errou pede desculpas, e o que provocou o erro se sente culpado, mas não tem importância, começa-se de novo esse delicioso jogo em que ninguém marca pontos.
A bola são os nossas fantasias, irrealidades, sonhos sob a forma de palavras. Conversar é ficar batendo sonhos pra lá, sonhos pra cá...
Mas há casais que jogam com os sonhos como se jogassem tênis. Ficam a espera do momento certo para a cortada, tênis é assim, recebe-se o sonho do outro para destruí-lo, arrebentá-lo como bolha de sabão. O que se busca é ter razão, o que se ganha é o distanciamento. Aqui, quem ganha sempre perde.
Já no frescobol é diferente, o sonho do outro é um brinquedo que deve ser preservado, pois se sabe que, se é sonho, é coisa delicada, do coração. O bom ouvinte é aquele que ao falar, abre espaço para que as bolhas de sabão do outro voem livres. Bola vai, bola vem, cresce o amor. Ninguém ganha para que os dois ganhem. E se deseja então que o outro viva sempre, eternamente, para que o jogo nunca tenha fim...

(Rubem Alves)

sábado, 13 de julho de 2013

Nada


Eu sei que não sou nada, não me engano
A vida me ensinou essa verdade
Difícil encontrar felicidade
Na terra, nesses ares, nesse plano ...

(Gwin)

Humilde



Espírito imortal é o que somos,
Por isso os sentimentos permanecem
Apenas nossos corpos envelhecem,
Mas nossas mentes vivem o que fomos

Se não nos libertarmos da ilusão,
Da ignorância, tola vaidade
Jamais vislumbraremos a verdade
Que livra nosso "eu" dessa prisão

Um título da terra há de perder-se,
De nada vale para a eternidade
Não nos trará a eterna liberdade,

Não nos fará felizes nesta vida
Felicidade é volta da partida
Melhor, então, viver com humildade

(Gwin)

sábado, 19 de janeiro de 2013

Livrai-me ...


Livrai-me de toda mágoa que me impede de sorrir, todas as más intenções que me impedem de seguir. Dos maus pensamentos que tiram a paz, das más palavras que levam ao caos. Dos maus corações. Das más sensações. Tudo o que aqui dentro fizer mal. E que assim eu me faça, livre da falta de fé. Da falta de sonhos. Da falta de paz. Livrai-me de tudo que me prende. De tudo o que ofende a minha liberdade de ser... e de sentir…

(Caio Fernando de Abreu)


sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

O que está acontecendo, Rafael ?




Pois é, seu Facebook. Está acontecendo tanta coisa por aqui...
Na minha humilde opinião, acho que as pessoas estão se odiando mais, cobrando mais, exibindo mais, falando demais, pensando demais, e agindo de menos. Mas está a melhorar! E por sua causa, acredite! Afinal, acho que estamos todos acreditando, não? 

A intolerância chegou a tal ponto que até as fragrâncias de perfumes, aquelas que eu achava que haviam sido planejadas para serem agradáveis, têm sido alvo de ofensas por aqui, viu? São tantas reclamações gratuitas que fica difícil enumerá-las: pessoas reclamando do clima, dos seus conterrâneos, trânsito, política, futebol, e de quem fala sobre esses assuntos. Acredita que outro dia vi gente reclamando de quem faz aula de tecido? Tecido, aquele circense que eu acho tão bonito. Difícil, viu?

Mas, pelo lado bom, seu Facebook, eu tenho percebido uma diminuição daquelas intolerâncias padrão, sabe? Aquelas que, por motivos mais do que óbvios, são consideradas erradas socialmente, como preconceito por cor, sexo, etnia, religião, e etc. Não digo com isso, é claro, que elas não se façam presentes no dia a dia de todos nós. Mas, pelo menos por aqui não as vejo com a frequência e intensidade de outrora. Será que estamos a evoluir?

Ah, Seu Facebook... Nesses tempos modernos temos sido tão cobrados, sabe? De tantas coisas e pessoas diferentes... Principalmente por aqui. O senhor ficaria assustado de saber. Mas, eu te conto. Somos cobrados a tomar as rédeas da sociedade como um todo. Abraçar o maior número de causas possíveis e impossíveis. O nosso clique hoje em dia está valendo muito, sabe? Com ele, podemos salvar pessoas doentes, evitar desmatamentos, achar pessoas perdidas... Até custear o tratamento de câncer de alguma criancinha de um lugar distante. É sério, Seu Facebook. Você tem nos proporcionado o mundo da benevolência diariamente no seu feed de notícias. É só parar para analisar. 

Se isso funciona mesmo? Ah, Seu Facebook! Não me faça perguntas difíceis esta hora! Sou da geração Google e não sei se as coisas tomam forma de fato. Mas fique tranquilo! Em pouco tempo, alguém postará uma foto, um vídeo, ou um link que possa nos responder. Por enquanto, me sinto bastante confortável na cadeira da minha casa. Salvando vidas, doando dinheiro para campanhas, compartilhando e compartilhando para ajudar. Sou um herói! E devo tudo isso a você, é claro.

Também tenho amado os animais tão intensivamente, Seu Facebook. Ajudo tanto, que às vezes me sinto o próprio Noé: salvando as espécies, viu? Diariamente abraço causas de cachorros, gatos, e todos os outros animais que aparecerem pela minha frente. Clico e leio sobre todas elas, e, é claro, as compartilho o máximo número de vezes possíveis. Afinal, quanto mais gente ficar sabendo, melhor, né? Alguém irá fazer alguma coisa. Eu acho incrível como nós, enquanto animais, tenhamos alcançado essa relação extremamente carinhosa e espirituosa. Somos uma geração e tanto! Deveríamos nos orgulhar.

Orgulhar? Aí eu não sei bem, mas se for com sentido de exibir nossas conquistas nós já nos orgulhamos e nos exibimos muito por aqui. Aliás, chega a tanto que não pode passar despercebido. Se vamos num show, por exemplo, passamos boa parte dele com algum celular que possa postar em tempo real que estamos por lá. Tem gente que, inclusive, assiste ao show pela telinha do telefone, acredita? Pois é! Mas não para por aí: nós nos orgulhamos das viagens que fazemos, dos relacionamentos que temos, das nossas casas, filhos, compras, e até da nossa comida. Sim, diariamente compartilhamos fotos com tudo o que comemos. Se nós compartilhamos a comida? Não, não! Compartilhamos as fotos mesmo. E se nós agradecemos? Bem, Seu Facebook, aí eu já não posso te afirmar...

Sobre a nossa língua eu não posso te dizer muito, Seu Facebook. Por aqui, aparentemente, nós estamos engajados a melhorá-la. Pessoas estão nos bombardeando com novas informações. Há, inclusive, campanhas com fotos ensinando às pessoas as diferenças entre: mas/mais, a gente/agente, e tantas outras questões sobre a nossa gramática complicada... É muita generosidade! O senhor não tem noção.

Como eu te disse no começo dessa conversa, seu Facebook, muita coisa está rolando por aqui. E, infelizmente, eu não posso parar de atuar. Fico devendo um update sobre o como estamos com a política, por exemplo, agora que somos de fato cidadãos. E o nosso ilustre respeito a nação indígena. Os outros tópicos ficam pra outra hora, porque nesse instante, eu pre-ci-so ajudar a cadelinha manca, sem pata, com vermes, que foi achada em algum lugar do interior de um Estado que eu nunca fui. Vou fazer isso virtualmente, é claro, mas se o senhor quiser ajudar, ela atende pelo nome de Nina, e é super dócil...

(Rafael Cunha)